sábado, 29 de agosto de 2009

a história contada de várias coisas

a história contada do abraço

abro meu peito
está tão vazio
não cabe mais ninguém.


a história contada das pernas


decidiram que iam longe,
muito.
cansaram-se.
em acordo de paz com os pés
deitaram-se
e não pretendem se levantar.


a história contada das lágrimas

correram um rio vermelho,
mais triste de todos.
ninguém nunca ouviu
por vergonha mútua.

a história contada das traições

foram bobas e múltiplas mas bastaram
o coração cheio de buracos
as mãos machucadas de cavar.

a história contada dos arrebatamentos

desviam do caminho. pior que ópio.
um bicho feroz.
tenho cicatrizes de batalha
e um tigre em mim que não morre jamais.

a história não contada do adeus

é como um “sim” na frente do altar.
flores. música. vinho.
ruídos ou engasgos
o vislumbre da porta
a vontade de não voltar.

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